04/04/2012
Neuvième jour -Paris – França – Reencontrar o Marais não tem preço. Ainda mais junto com o pato 1109555.
Dia de rereencontrar o Marais.
Acordamos cedo e fomos cumprir a nossa missão de tomar café da manhã em lugares diferentes.
Hoje foi no Café de la Paix.
É um lugar velhíssimo e muito charmoso, com aura de classudo.
Pedimos petit déjeuner simples e aproveitamos a paisagem.
Partimos pro tour propriamente dito, caminhando em direção ao Marais.
Descemos a Avenue de l’Opéra…
… e entramos na Rue des Petits-Champs.
Flanando deste jeito você consegue ver coisas que pacote nenhum consegue te dar.
Por exemplo, entramos no Palais Royal pela Galerie de Montpensier.
É como voltar no tempo e se sentir há duzentos anos.
Sem contar a estupenda visão da promenade do Palais.
E a galeria Vivienne, então?
Uma beleza desta incrustrada numa passagem da Petits-Champs.
Continuamos e cruzamos a Place des Victoires onde ela se transforma em rue Etienne Marcel. Passamos pela rua gastronômica de Montorgueil …
… e subimos até a rue de Bretagne a fim de conhecer o Le Marché des Enfants Rouges.
Este mercado é muito diferente.
Não espere encontrar lá grandes bancas de frutas/verduras/peixes/afins.
Existem algumas…
..mas o forte deste lugar é a diversidade da sua gastronomia.
Lá tem muita comida étnica com bastante especiaria.
Resolvemos tomar um champanhe e comer queijos e presunto pata-negra só pra sentir um pouco mais o lugar.
E, pra variar, o resultado foi muito bom.
Continuamos a nossa missão.
Pra isso, descemos a rue Vieille du Temple e finalmente chegamos ao centro do Marais.
Entramos em várias lojas bacanas:…
… a Bookbinders Design (onde compramos ótimos artigos de papelaria), …
… Muji (uma excelente loja japonesa de porcariadas), …
… Dom (mais uma excelente do setor tranqueiras chics) …
… e Alain Mikli (a Dé quebrou os óculos dela e precisou consertar).
Também aproveitamos pra comer alguma coisa no Le Loir dans la Théière, …
… nosso velho conhecido e vizinho do apê que alugamos em 2010 (na esquina da Pavée com a de Rosiers).
Fomos frugais e pedimos comidas ligeiras.
As mulheres foram de quiche: a Lourdes de beringela…
… e a Dé, de cebola com queijo de cabra.
Nós, eu e o Eymard, pedimos omeletes de ervas frescas.
Tudo muito bom e bem harmonizado com um vinho branco ligeiro e frutado.
Pagamos a conta e voltamos ao Mikli. Os óculos da Dé já estavam e compramos algumas armações/óculos de sol, além de cobiçar as nossas baguetes preferidas.
A nossa saga ainda não tinha chegado ao fim.
Demos uma passada na Place des Vosges, certamente a praça mais charmosa de Paris (veja se não?).
Ainda mais com árvores verdejantes …
… e este montão de gente aproveitando-a.
O tour estava quase terminando, mas faltava alguma coisa muito importante e que certa e obrigatoriamente deve encerrar um passeio por este aprazível bairro: …
… uma visita a Lenôtre.
Porque ir até lá e não comer ao menos uma Millefeuille é quase uma heresia.
Pedimos as nossas quatro, comemos ali na frente mesmo e em pé (que delícia!), …
…e voltamos a loja pra pedir mais pra viagem.
Decidimos voltar de taxi, mas desviamos pro Les Deux Magots pro que, inicialmente seria um café.
Conversa vai, conversa vem e eis que mais um champagne, um Pommery, cruza o nosso caminho.
O jeito foi tomá-lo, …
… ficar como os franceses (olhando o movimento) e voltar pro hotel, já que o pato numerado nos esperava, …
… além da mudança do nosso quarto que, certamente, melhoraria os nossos 2 últimos dias na cidade-luz.
E lá pelas 21:00 hs, rumamos pro La Tour d’Argent (frize-se o bom humor dos taxistas parisienses).
Chegamos lá, subimos até o salão e fomos alojados na nossa excelente mesa com vista direta pro Sena e pra Notre Dame.
Melhor, devido ao entardecer tardio, teríamos esta visão tanto da luz do dia, como do anoitecer.
Iríamos comer os 1109555, 1109556 e o 0000001. Esta eu explico depois.
O ambiente é o mais tradicional possível.
E requintado também. Inclusive, todos os homens são obrigados a usar paletó.
A aventura começa no pedido.
A carta de vinhos parece uma daqueles livros antigos de bibliotecas. Se você for ler tudo aquilo …
Sorte nossa que o sommelier interrompeu o divertimento do Eymard e sugeriu um vinho pra harmonizar com o caneton. Era um tinto Corton Louis Jadot 1979, que veio de acordo com a sua idade, ou seja, todo maltrapilho e mofado.
Ele foi aberto e quanto mais desconfiávamos da qualidade dele, mais ele se exibia. É um grande vinho, do alto dos seus 33 anos.
Olhamos muito bem tudo em volta. O salão estava lotado. De pessoas e de tradições.
Tínhamos ainda que fechar a equação do que pedir. Até um amuse nos foi oferecido.
A Dé resolveu o seu problema ao escolher peixe (ela não pediria pato de jeito nenhum). É claro que nós três escolheríamos pato. O problema seria qual?
Após uma breve confabulação, optamos pelo tradicional.
E aí o 1109555 chegou. Era um Caneton a la Tour D’Argent com pommes sautée.
Inicialmente ele é mostrado inteiro. Logo após, é cortado e juntado ao molho que é feito com a sua própria carcaça e seu sangue, já que ele é espremido com uma prensa.
Ah! Este número é o do certificado que eles te entregam ao final da refeição. É único e significa que mais de 1,1milhão de patos foram consumidos desde a inauguração do restaurante.
E como este pato serve duas pessoas, a Lourdes escolheu o meio pato a roti. Também veio numerado (ele é o 1109556).
Já a Dé fez cara de coitadinha ao comer o seu Lote com molho de crayfish. Não que o peixe estivesse ruim, mas ela também queria um certificado! rs
Quanto aos patos, estavam todos excelentes e harmonizando perfeitamente com o vinho.
Já o nosso, num primeito estágio, foi servido em forma de magret bem rosado (entenda-se sanguinolento e suculento).
Num segundo, uma coxinha bem crocante com uma salada e um molho de mostarda.
Excelentes.
Só nos restou pagar “la dolorossa”, ir embora, admirando todo o entorno do restaurante.
E no caminho de volta pra superfície (literalmente) ainda vimos quase que um museu contando a história deste ícone da gastronomia.
Os famosos que degustaram a iguaria (calma que a nossa foto ainda não está lá!), …
… a prensa oiriginal que representa o formato como o pato é feito …
… e as suas tradições.
É uma experiência e tanto.
Finalmente, o maitre se apiedou da Dé e descolou um certificado pro peixe dela. Tudo bem que foi rasurado e escrito a caneta, mas é o raríssimo Lotte número 0000001! 🙂
Au revoir.
Leia sobre os outros dias desta viagem:
Premier journée – Borgonha – França – Visitamos o hospício de Beaune.
Borgonha – França – Deuxième jour – Pisando no solo do Romanée-Conti.
Troisième jour – Beaune – França – Cozinhando na Borgonha
Quatrième jour – Borgonha – França – Duvido que você conheça (ou tenha ouvido falar) de Quarré-les-Tombes?
Cinquième jour – Borgonha – França – Com minha besta, abati a Abadia de Fontenay
Sixième jour- Borgonha – França – Chablis, conexão pra Paris.
Paris – França – Septième Jour – Flanando pela cidade luz (especialmente por Saint Germain)
Huitième jour – Paris – França – Dois concertos na cidade: o da filarmônica de Berlim e o do Robuchon.
Adendo do Huitième Jour – Paris – França – O oceano na place de Ternes (by Dodô)
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