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Jour cinc – France – Bordeaux – Passeando e entrando no mundo dos Premieres Grands Crus

25/06/2011

Jour cincFranceBordeaux – Passeando e entrando nos Premieres Grands Crus.

Acordamos tarde. Acho que o jet lag estava pesando (são 5 horas) e o calor também (hoje bateu em 39ºC).

Mesmo assim, tomamos um cafezão da manhã, ou melhor, um chazão e um capuccinão e fomos conhecer Bordeaux.

Conhecer não é bem a palavra certa, já que tínhamos somente algumas míseras horas pra dar uma olhadinha no máximo que seria possível.

E olha que este tempo foi o suficiente pra passarmos pela Esplanade des Quinconces, uma praçona imensa e com ares de árida, mas com obras de arte da maior qualidade.

Vimos também o The Grand Théâtre (dá pra imaginar a sensação de se  assistir a algum espetáculo por lá?), …

… a admirável Place de la Bourse …

… e a praia de Bordeaux.

É claro que todo mundo sabe que Bordeaux não tem praia, mas este espaço com pedras umedecidas através de vapores perfumados de água, certamente corresponde por uma ótima praia (e melhor, não tem areia).

Saímos correndo (é, slow travel!). Tínhamos uma reserva pro almoço na Brasserie du Lac  do Relais Margaux.

E não é que não encontramos aonde fica?

Quer dizer, não foi bem assim. O iPad da Dé deu pau e acabei ficando sem ter como conferir onde era exatamente o restaurante.

Só lembrava que era perto de Pauillac e a uns 30 km de Bordeaux.

Acabamos pedindo pra concierge do hotel nos ajudar e ela nos passou um endereço. Resultado? Chegamos exatamente no horário, só que no lugar errado! 🙂

E foi sorte, pois continuamos o caminho pra Pauillac já que queríamos ver os famosos “Chatô” que produzem os grandes vinhos franceses.

E perto do Château Margaux, entramos na tal Brasserie uma hora depois da reserva e descobrimos que ela ficava dentro dum club de golfe. Ou seja, nada a ver conosco e com a situação!

No belíssimo caminho repleto de videiras já carregadas, cruzamos com muitos excelentes produtores.

Conseguimos chegar a Pauillac, que seria a nossa única alternativa pra almoçar, já que em todas as pequenas cidades do caminho não tinha nada aberto (era domingo).

Acabamos comendo num restaurante bem simples e um tanto quanto sem graça, mas de frente pro porto da cidade (deu saudade duma coisa que nem vimos, a tal Brasserie).

Pedimos uma salada, que tinha um apelo engraçado! Ela continha peito de pato defumado (não precisa nem falar de quem nós falamos pela enésima vez) e língua. Quer dizer, só eu comi, pois a Dé passou o orgão muscular do boi! rs

Ela não arriscou mais nada e pediu um simples Penne a parisiense.

Eu fui de Paella francesa com arroz marroquino. Mais bonita do que boa.

Tomamos um vinho rosé bordalês, o Chateau Terre  d’Agnès 2010 e uma necessária garrafa de 1 litro duma água San Pellegrino.

Voltamos rapidinho pro hotel, pois tínhamos agendado uma visita ao Chateau Smith Haut Lafitte, o nosso charmoso vizinho.

O calor estava abrasador e foi ótimo nos escondermos no friozinho da adega por uma hora.

De resto, nos mostraram o cuidado com que estes grandes vinhos são feitos (e daí os seus justificados altos preços).

Vimos desde os equipamentos da colheita manual (as raízes destas videiras são absolutamente verdadeiras), …

… passando pelo estágio obrigatório em barricas de carvalho francês,…

… que por sinal e neste caso, são feitas aqui mesmo …

… e de modo artesanal.

É um verdadeiro espetáculo.

Ainda tivemos uma degustação dum tinto, dum magnífico branco e passamos na lojinha, pois eu tinha que abastecer o dromedário.

Como a tarde ia caindo (18:30 hs e 38ºC), resolvemos encarar o ar condicionado da limosine e dar um pulo em Sauternes.

Pra quem não sabe, esta região famosa por produzir excelentes vinhos de sobremesa tem muito a ver com a história viajística da nossa família. Bom, depois eu conto como foi que este tipo de vinho entrou pro anedotário dos Luz (tem alguma coisa com pedir erradamente um vinho numa viagem a Paris) .

Voltando, rodamos por quase 40 minutos só pra dar uma olhada nos belíssimos vinhedos sauternianos, …

… na excelente paisagem …

… e quando estávamos gostando, vimos esta placa:

Pronto! Não precisa nem dizer que a cidade é minúscula.
Voltamos ao hotel aproveitando a vista. Conselho de amigo: quando estiver sem muita pressa, coloque a opção “estrada não pedagiada” no GPS. Você vai se divertir.

Caminho da roça, ou melhor do castelo e nos preparamos pro jantar com menu degustação no restaurante principal, o La Grand’Vigne.
Dentre as opções, escolhemos um mini menu degustação composto de 4 pratos mais um agradinho do Nicolas Masse, o chef.

E tem mais. Eu e a Dé decidimos pela mesma variação com os mesmíssimos pratos.

O primeiro e o agrado, foi um ravioli de crab, com julienne de vegetais e um molho de cítricos. Estava muito bom e deu pra sentir um gostinho de óleo de gergelim no fundo da espuma.

Pra fazermos uma pesquisa, pedimos o mesmo vinho branco de ontem a noite, o Chateau Latour-Martillac 2008.
E verificamos que ele continuava muito bom, mas com alguns sabores diferentes.

Na seqüência, gambas roti, tomate poire dans eau naturelle, avocate e tuille de pan au basilic.

Traduzindo: ótimos e gigantes camarões, com uma plástica e incrível combinação de tomates e gelatina acompanhados dum creminho de abacate e uma casquinha de pão torrada e temperada com manjericão.

O próximo foi uma clara demonstração do nepotismo: Merlu de ligne de St Jean de Luz, ravioli de petit pois et morilles , lard et paysan.

Mais uma tradução (o meu francês gastronômico está cada vez melhor): uma merluza pescada naquela gracinha de cidade (sem corporativismo) com cogumelos morilles e um bacon frito, ravioli recheados de ervilha em que a massa eram lâminas de nabo. E como “um plus a mais”, ervilhas in natura com pedacinhos de cogumelos e de lardo. Mais um prato lindo e delicioso.

Demorou um pouquinho pra chegar a sobremesa, mas a espera foi compensadora. Afinal de contas, o Timão enfiou uma sacola no SP.
E a Noisettine du Medoc, le chocolat Araguani, la poire Willians Croquant ao Miel não decepcionou.

Comemos tudo e respeitando as especialidades de cada um.
Enquanto a Dé comia todas as trufas de chocolate (elas eram bem moles e explodiam na boca!), eu limpava o resto, inclusive uma tuille de macarrão cabelo-de-anjo que estava muito boa.

É isso. Por enquanto, foi a melhor refeição da viagem (viu, Sueli e Jorge?).

Mas a partir de amanhã, a concorrência fica mais pesada …

… já que chegaremos em San Sebastian pra começarmos a experimentar a famosa e estrelada cozinha basca,

Sairemos dos Grands Crus e entraremos de cabeça (e de boca) nos Grans Reservas.

Au revoir e hasta.

Acompanhe os dias anteriores da viagem:
Dia Uno – Espanha – La Rioja – Marques de Riscal, o hotel.
Dia Dos – Espanha – La Rioja – Museu do Vinho e cidadezinhas bacanas
Dia Tres – Espanha – La Rioja – Bodegas maravilhosas e arquitetura não menos
Dia Catre – Espanha e França – La Rioja e Bordeaux – Final de semana em Martillac

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Há 9 comentários

  1. hahaha, a historia do sauternes eu me lembro bem!!! (rs) Realmente voce nao poderia perder a oportunidade de conhecer as videiras da uva docinha! Esse almoço ficou parecido com o nosso “risoto” na cidade do “risoto” (rs). Tudo compensado pela belissima paisagem. Melhor errar por ali do que em outras plagas. Sueli & Cia já ficaram com agua na boca com estas fotos. Abraços patísticos para os Luz.

  2. Eymard ainda não apareceu. Vou escrever pouco – e rápido – para tentar a pole… :- )
    Dé, cada vez que escolhe massa – para não arriscar – fico mais corajosa para manter meus pedidos de “qualquer massa ao sugo” !
    Edu, proposta e voto para o ISB FV: gambas roti, tomate poire dans eau naturelle, avocate e tuille de pan au basilic. Pode ser em português mesmo. Adorei!!!!!!!! Ah! O mesmo vale para o postre.

  3. Uau!!!!!!!!! A “escola” passou lindíssima!
    Esse seu post só vem atestar tudo o que eu penso e tenho conferido dessa região.
    Não vejo a hora de estarmos lá.
    Como é complicado esse negócio de restaurantes fechados aos domingos na Europa! Um verdadeiro sofrimento montar uma logistíca e conseguir um restaurante legal aberto em qualquer região. Mas garimpando encontra.
    Uma pena terem se perdido do Brasserie du Lac! Ele fica muito pertinho do Châteaux Margaux, bem antes de Pauillac. A sua referência devia ser: na direção de Pauillac e não perto de Pauillac, que fica ainda uns 20km do Margaux. Mas aquela regiãozinha alí é cruel, tem muitas estradinhas, e só elas valem a pena.
    Vocês rodaram muito de carro esse dia. Soternes é do lado oposto ao Médoc e ainda mais abaixo de onde vocês se hospedaram. Tudo muito corrido mesmo! Mas com pouco tempo o dia tem que render, né?
    Gostei do menu do La Grand’Vigne, mas o Jorge… Sei não… vai dizer que é mágica.
    Adorei a sobremesa, uns caquinhos de “Pop Rocks” (as balinhas explosivas) em cima dessas trufas e a sensação extasiante que tive no restaurante de Lisboa teria sido a mesma. kkkkkkk Só rindo muito!
    Agora, Edu, que a escola já passou, que venham os aplausos!
    Belíssimo dia! Com direito de se perder e tudo.
    Beijos

  4. Corrigindo: SAUTERNES, por favor.
    E por falar nisso, não conheço a historinha, mas posso deduzir…

    Adriana, seu gosto está ficando apuradíssimo, hein? Serão as influências??????

  5. Sueli, se tem camarão e abacate é mais fácil de gostar… rs
    Mas já garanti a comidinha gostosa para o almoço de amanhã na casa de minha mãe. Saudade de nosso almoço em Brasília, com Jorge.
    Sueli, “engoliu” o GPS antes de escrever seu comentário? :- )

  6. Bonjour, Edu,

    Um roteiro bom demais, infelizmente curto demais. Ainda bem que os vinhos não têm pressa e um dia vocês voltarão com mais calma. Como sempre, o conteúdo e a forma do post estão excelentes.
    Acho que quando eu for à região vou levar uma garrafa de água do mar do Leblon para a praia deles e tentar trocar por uma bouteille de Chateau Lafite-Rotschild. Acho que as duas partes ficarão felizes,
    Abração,

    Dodeau, le Baron de Pauillac

  7. Cinc
    Sócio, é isto mesmo. Na nossa primeira viagem pra Paris nas priscas eras, o “papai” aqui com aquela cara de “expert” pediu um Sauternes (aquele de sobremesa) pra acompanhar toda a refeição. Óbvio que foi uma mancada, mas tomei a garrafa inteirinha!! 🙂

    Drix, o sócio é o “the Flash”!!
    Quanto as gambas ferrazenses, precisamos tomar cuidado com o acento gráfico nas próprias!! rs

    Lu, o lugar é demais. Ainda mais pra quem gosta de vinhos e de vinícolas transadas, além de restaurantes sensacionais. Os posts sobre o País Basco são deliciosos!!

    Sueli, dá pra imaginar a “maluquice” que não deve ser ter que escolher entre as opções bordalesas!!
    Na verdade não nos perdemos muito, tanto que chegamos lá. Mas achei o ambiente da Brasserie meio “afrescalhado” e nichístico demais.

    Drix, GPS?? 🙂 Gostei. Faltou mandar virar na “segunda da rotunda”!

    Grande Dodô, também tô nessa! E pra melhorar o escambo, faço 2 de água por 1 de deste Chateauzinho que você citou!! 🙂
    Abs bordôs, quase vinhos pra todos

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