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dcpv – 45º interblogs – carla e o arroz de minhoca no dcpv

31/12/2011
número 313

45º interblogs – Carla e o Arroz de Minhoca no dcpv.

N.R – Vamos a apresentação de mais um interblogs (quer saber o que é?).
Desta vez a indicadora do menu totalmente português é a Carla Soar, uma curitibana que casou-se e mora em Portugal com um marido (o Jorge Miguel) que, além de cozinhar bem, gosta duma boa comida e com bons ingredientes.
Partindo deste princípio e após várias trocas de emails, ela decidiu sobre um jantar calcado em frutos do mar. Notem que até uma encomenda “legal” de sementes que ela me enviou, fez parte de todo o pacote.

Vamos lá, então, ao 45º interblogs, o da Carla Soar do interessante blog Arroz de Minhoca.
PS – Eu escrevi tudo o que estiver grafado em azul. O restante e muito bacana, foi a
Carla.

Olá Edu…
Conforme prometido, aqui vai a vossa “Ceia de Sabores Lusos”. Bem sabes que a minha cozinha é de “olho-intuitivo” o que significa poucas medidas e muito apetite.

Classifico-me como uma aprendiz de portuguesa com muita curiosidade e pouco medo de errar . 🙂

Meu blog, que nada mais é do que o meu livro de receitas virtual, não tem a intenção de divulgar receitas, mas sim, de guardar e sedimentar aquilo que aqui aprendo e aprecio… portanto, não prometo medidas, tempos e métodos. Antes, confio na intuição da tua colher de pau.

Porém, nada há nada a temer pois, como diz meu marido, com bons ingredientes não há como a comida ficar ruim.

Os azeites espanhóis e italianos são igualmente bons, mas com outras características de sabor que não se enquadram nos pratos portugueses.
Bom, dadas as devidas pré-instruções vamos ao que interessa. E é com uma receita do maridão, meu muso inspirador, que iniciamos.

Antes de mais nada, tomamos umas boas caipiroskas de limão pra que ocorresse a legítima integração luso-brasileira.

Entrada – Mexilhões em Molho de Pimentões Vermelhos

Estes mexilhões são “prata da casa” … orgulho da família e solicitação frequente dos amigos.

O molho deve ser rico em pimentões e picante o suficiente para fazer frente ao sabor marcante dos mexilhões… (ter atenção aos tomates, para não se sobressaírem aos pimentões) – Não só tive, como o molho resultou maravilhoso. A Dé o sorveu as colheradas!

Ingredientes – Mexilhões em casca (0,5 kg), miolos de mexilhões (1 kg), azeite (1/2 xícara), cebola picada (1 xícara), pimentão vermelho picado (1 xícara), alho picado (6 dentes grandes), pimenta malagueta picada com ou sem sementes (1 unidade), tomates sem pele picados (2 xícaras), extrato de tomate (0,5 xícara) , gengibre fresco picados (3 colheres de sopa), vinagre balsâmico (1 a 2 colheres de sopa), coentros frescos picados (0,5 xícara), pão para acompanhar. O gengibre dá um charme total ao molho.

Modo de preparo – Aquecer o azeite numa panela e refogar as cebolas até começarem a ficar coradas. Juntar os pimentões e mexer até soltar os sumos (3 minutos). Acrescentar os alhos, a pimenta e mexer (2 minutos).

Juntar os tomates + extrato de tomate e alguma água (se necessário). Temperar com sal, pimenta preta + o gengibre picado.

Deixar apurar em fogo baixo por uns 10 minutos e triturar grosseiramente com o mixer ou liquidificador (o molho deve ficar espesso, com resquícios dos ingredientes) – Resolvi não triturar quase nada devido a qualidade de tudo!

Juntar os mexilhões, deixar cozer por uns 3 minutos, juntar os coentros e 1 a 2 colheres de vinagre balsâmico a gosto – Outro charme do molho!

Deixar cozinhar por mais 2 minutos.

Servir com pães variados (tipo italiano, ciabatta, rústico, etc) – Servi com ciabatta e italiano.

E pra deixar pra posteridade, foi, certamente, a maior quantidade de “oh”, “hummm”, “que gostoso”, “quero mais” que ouvi por aqui até hoje!

Acompanhamos este idílio gastronômico com um rosé Português, o Casal Mendes que foi “na rua, na chuva, na fazenda, na casinha de sapê“.

Prato principal – Bacalhau em Pão de Azeitona.

Criação do chef português Luis Américo e vencedor do prémio Cozinheiro do Ano 2004.

Uma verdadeira iguaria lusitana que contém os ingredientes mais marcantes da nossa cozinha (bacalhau, salpicão, coentros, pão, azeitonas e azeite). Favor creditar o autor do prato – Não só está devidamente creditado, como acredito que ele não gostará muito das pequenas mudanças que eu fiz! 🙂

Ingredientes – Lombos de Bacalhau, fatias de Salpicão cortadas longitudinalmente (presunto ou outro enchido defumado), tomates cortados em gomos, azeite, massa de pão rústico, azeitonas pretas, cebolas + alhos + coentros frescos em folhas.

Modo de Preparo – Preparar a massa de pão e deixar levedar enquanto prepara o bacalhau (qualquer massa é indicada – eu utilizo massas prontas para máquina de pão).

As azeitonas só são acrescentadas no final, na hora de moldar os pães – Esta parte eu passei. Optei por utilizar um pão de azeitonas já pronto e que valorizaria e muito, o belo conjunto do bacalhau.

Abrir os lombos de bacalhau (sem espinhas) formando enrolados de tomate, bacalhau e salpicão. Feche-os bem com palitos de dente e passe-os grosseiramente por farinha – Sabe que é fácil abrir os lombos de bacalhau?

Fritá-los em azeite por aproximadamente 2 a 3 minutos. Costumo aquecer 2 dedos de azeite numa frigideira pequena e frito por 1 minuto de cada lado.

Escorrer em papel absorvente e retirar os palitos. Abrir a massa de pão, juntar as azeitonas picadas (sem caroço) e formar pequenos pães recheados com o bacalhau. Xiiii!

Assar em forno quente (250ºC) por 15 min aproximadamente  (somente o suficiente para assar o pão e aquecer o bacalhau, pois o bacalhau já cozeu durante a fritura) –  Como eu não usei a massa, deixei os lombos no forno só pra dar uma leve dourada.
Enquanto o pão está a assar, preparar os molhos.

Aquecer um fundo de azeite numa frigideira e fritar as cebolas fatiadas em ½ luas finas. A cebola deve cozer no azeite (em fogo alto) soltando os sumos até o ponto em que começa a ganhar cor – Estas cebolas brancas e roxas ficaram macias, doces e espetaculares.

Numa segunda frigideira, aquecer um fundo generoso de azeite (1 dedo) e saltear os alhos picados juntamente com os coentros (tomar cuidado para não queimar os alhos nem cozer demais os coentros) – Outra grande surpresa!

Servir os pães cortados ao meio, sobre cama de cebolada e regados com o molho de coentros. Eu servi do meu jeito (desculpaê, sr Luis Américo!).

Ou seja, montei com uma fatia do pão de azeitonas, …

… uma porção de cebolas carameladas, …

… pedaços do enrolado de bacalhau cobertos com o molho de azeite, alho e coentro, …

… além da surpresa da noite, as couves (aquelas das sementes) cozidas e resfriadas na água com gelo, coma posterior refogada numa base de azeite e pedaços de salame.

Simplesmente perfeito.

Tomamos um branquinho português, o Tons Duorum Douro 2010 que foi “remember, Jerrys, douradinho, cruisers“.

Sobremesas  – Formigos e Rabanadas.

Não há Natal português sem uma mesa farta de sobremesas… Pão de ló, bolo-rei, formigos e rabanadas estão sempre presentes (esqueci de dizer que este menu era pra ser feito no Natal e devido a uns problemas técnicos, só o fiz agora).
Ficamos aqui com as rabanadas e os formigos, pois um bom pão-de-ló é obra de Deus e bolo-rei dá um trabalho dos diabos. 🙂

Rabanadas

O pão que utilizamos aqui em Portugal é o chamado “bijou” , ou o “bundinha” em Sta Catarina, ou o “Pão d´água” no Paraná, e por aí vai… a melhor referência é mesmo ver a foto.
Daí que a gente tem que comprar o pão com 2 a 3 dias de antecedência e deixar os meninos secando no pacote… eles tem que ficar mesmo sequinhos, duros.
Depois de secos, cortamos e descartamos as duas carcaças exteriores. Dividimos então o miolo ao meio em 2 fatias.
Portanto, cada pãozinho rende 2 rabanadas.Tudo bem entendido até aqui? – Entendido, mas usamos o pão que eu achei mais parecido! rs

Ingredientes (para 9 pães) – 1/2 litro de leite (ou bebida de soja/leite de soja), 1 chavena de açúcar + pau de canela + casca de lima (limão), 4 ovos, canela em pó e açúcar para polvilhar.

Bater os ovos ligeiramente e reservar. Ferver o leite juntamente com o açúcar + pau de canela + casca de limão.
Aquecer a frigideira com óleo para fritar.

Atenção: Durante todo o processo, o leite tem que ficar em ponto de fervura em fogo bem baixo, tomando o cuidado para não queimar nem transbordar.

Molhar as fatias de pão no leite. É aqui que mora o perigo … temos que fazer o processo com precisão e rapidez. – A Dé, que fez esta sobremesa, disse que é aqui que mora o perigo! rs
A gente submerge o pão, conta até 3 e tira rapidamente (se demorarmos demais o pão se desfaz todo). – É isto mesmo.

Passar por ovo batido rapidamente, vindo do leite, devemos passar o pão pelo ovo e retirá-lo antes que ele se desfaça. A minha regra é conseguir transportá-lo com o garfo sem se desfazer. Tomando atenção claro, para que todo o pão esteja umedecido.

Fritar em óleo quente até dourar dos 2 lados.

Retirar da frigideira e, ainda quente, polvilhar com açúcar e canela. O ponto desejado é que nenhuma parte de pão escape ao molho.

Toda a rabanada deve estar úmida e apresentar a polpa sumarenta e adocicada. Nem sempre se acerta a primeira… algumas se desfazem, mas a gente frita na mesma… – Foi o que ela fez! rs

Algumas ficarão um pouco mais ressequidas, mas a gente come na mesma… É mesmo uma questão de persistência e prática. E ficaram deliciosas!

Ainda mais com o acompanhamento dum cálice de vinho do Porto.

Formigos

Basicamente, precisamos de uma boa variedade de frutos secos.

Ingredientes – (Avelãs, amêndoas, nozes, pinhões (pinólis) e uvas passas pretas + uvas passas brancas), Vinho do Porto, Canela + Gemas (4) e Açúcar (200 gr).
Picar os frutos grosseiramente e reservá-los (+ ou – 200 gr). Picar também o mesmo volume de miolo de pão (4 fatias) – Juntei tudo da despensa, até pistaches.

Umedecer o pão em 100ml de bebida de soja, leite ou água (reservar). Bater as gemas e misturar com 4 colheres de sopa de Vinho do Porto (reservar).

Levar ao fogo, o açúcar diluído em 100ml de água e deixar ferver até ao “Ponto Pérola” – Eu acho que o meu estava neste ponto!
Ai meu jesusinho!!! O tal do ponto pérola na calda de açúcar foi um fracasso sufoco… não vou mostrá-lo aqui, nan nan nan… é que ficou meio mais ou menos, percebem? Bom… à parte minha vergonha, a boa notícia é que, apesar de tudo, o resultado final ficou bom. Portanto, se errarem na calda, o meu conselho é: “Bola pra Frente” que todos os caminhos levam a Roma – Cheguei em Roma! rs

Atingido o ponto de açúcar necessário (ou outro qualquer) juntar os pães amolecidos misturando bem. De seguida, incorporar os frutos secos e deixar cozer por 1 a 2 minutos mexendo sempre.

Retirar a panela do fogo e juntar os ovos batidos, mexendo bem. Voltar a panela ao fogo e deixar cozer até engrossar a gosto (3 a 5 minutos).
Prontinho! Servir polvilhado com canela.

E ficou uma verdadeira delícia.

Olha que foi extremanente divertido fazer este interblogs. Se o objetivo deste projeto é fazer uma interação entre os passageiros da blogosfera, ele foi mais do que cumprido.
Opiniões sobre as comidas? 

Que refeição espetacular! Tudo perfeito com destaque pra tudo. (Edu)
O melhor de Portugal!!! Delícia. (Mingão)
Harmonia do começo ao fim; delícias deliciosas. (Deo)

E, como a tradição manda, seguem as nossas flores pra virtuais pra Carla e pro Jorge Miguel com votos que tenhamos todos um Feliz 2012.

Pra nós promete e muito, já que começamos bem assim!

Foi um jantar bué fixe!

E o próximo interblogs, o de fevereiro será o da Isadora do blog Receitas Fáceis. Pelo tema, a coisa promete!
Bye

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Há 0 comentário

  1. Obrigada Edu, foi um prazer participar desta edição contigo.

    A apresentação dos pratos ficou belíssima!
    Qto ao sabor, não tenho dúvida de que estava td maravilhoso afinal, com ingredientes tão bons, sedimentados por anos de cozinha portuguesa, não há erro… acerta-se sempre 🙂

    Parabéns e mais uma vez obrigada pela oportunidade de divulgar esta culinária tão maravilhosa!

  2. Bué da fixe mesmo, excepto os formigos que é a única coisa que não gosto. O aspecto faz-me lembrar uma espécie de regurgitado ha ha Além de que tem uvas passas 😉

  3. ….é uma casa portuguesa com certeza. É com certeza uma casa portuguesa…ah mouraria…..e na “vitrola” Amália Rodrigues! Os Luz renderam-se `a terrinha!
    Ameixinha: eu adoro uvas passas! E o tal “regurgitado”, apesar do aspecto, deve ser bom demais! No entanto eu fico babando mesmo é nos doces do seu blog….

  4. Carla, o prazer foi todo nosso.
    Ainda ontem, passei na casa da minha mãe e ela me disse que “aquele marisco era fora de série!”. 🙂

    Flora, faça, sim. As receitas são fáceis e com um resultado espetacular.

    Ameixa, então você é da turma da Re? Daqueles que não gostam de uva passa?

    Sócio, é isto mesmo! Viva Portugal e com uva-passa!! 🙂

    Abs “bué e fixedos” pra todos.

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